segunda-feira, 9 de junho de 2008

a viajem

''com quem eu falo?'' ''não reconhece mais a voz da sua amiga de guerra sua vagabunda?'' ''madá! que saudade que eu to de você sua sua puta de rua! como que vai?'' ''vou levando né! e você?'' ''indo cada vez melhor. mas vem cá, por que não respondeu minha carta? tava ansiosissíma esperando uma resposta sua!'' ''ah bem, você sabe como é né? eu não tenho as fineza de saber escrever igual você. mas vem cá, que doidisse é essa de viajar pra alemanha?'' ''ah minha querida, fiquei meio cansada dessa vida aqui e resolvi dar um tempinho pra fora. você não quer ir junto?'' ''querer eu até quero, mas como eu vou bancar isso?'' ''você acha que eu não sei da sua situação? se eu te chamei é porque eu tenho tudo esquematizado.'' ''se tá tudo nos esquema então tá beleza. mas bem, eu não tenho nem rg. e passaporte e tudo?" ''eu não disse que arranjo tudo?'' ''você é o máximo georgia.'' ''georgia não bem, gê.'' ''certo. mas por que alemanha?'' ''é que eu tenho uns contatos com uns clientes de lá que ajeitram tudo.'' ''legal bacana. mas e se eu for, quando eu voltar dona gemilce não vai querer me dar o emprego de volta.'' ''tudo bem, eu lhe arranjo outro melhor, tipo o meu.'' ''com esse jeito de puta de esquina que roda a bolsinha que eu tenho?'' ''lógico. ou você se esqueceu que eu comecei do mesmo jeito que você? a gente aprende a ser fina e elegante.'' ''então resolvido, quando a gente vai?'' ''sábado.'' mas hoje já é quinta.'' ''e daí? foge amanhã desse pulgueiro e vem pra minha casa pra sábado a gente decolar.'' ''ai que delicia, vou viajar de avião pela primeira vez.''

quinta-feira, 29 de maio de 2008

matei sim

já que era sadomasoquismo que ele queria, foi sadomasoquismo que ele ganhou. queimei ele inteirinho com cigarro. bati nele até ele dizer chega. depois disse que tinha o toque final. sai e fui até a cozinha. peguei uma faca tramontina de serrinha e cabo de plástico e acabei o serviço. não suporto gente exagerada. ele pedia mais e mais e foi o mais que eu dei pra ele. o problema foi que eu também exagerei. ele morreu. também, já tinha seus cinquenta e tantos. mereceu? não. mas aconteceu e agora já foi. quando eu percebi eu meio que entrei em pânico. nunca pensei que fosse matar uma pessoa. o problema é que a gente pega o gosto. depois que passou o susto eu pensei: já que eu tirei a vida dele mesmo o resto não tem importância. peguei tudo que podia carregar da garçoniere do velhote. a carteira e o carro também. quando eu ia saindo, pensei em limpar digitais e essas coisas, mas lembrei que nem rg eu tenho. eu não sou ninguém. mas vou ser. vendi o carro e guardei o dinheiro. com o dinheiro da carteira comprei muita cocaína. agora eu tinha minha chance de ser alguém na vida. não ficam dizendo por aí que vida de puta é fácil? então, vou conseguir dinheiro mais fácil ainda. tem tanta puta por aí que ninguém vai saber que fui eu. parou de falar e acendeu um cigarro caro. depois de tanto cigarro do paraguai ela achou que merecia.

terça-feira, 13 de maio de 2008

demoniaca da garoa

eu amo são paulo mas, eu não mereço tanto.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

cruzamentos

''ela era uma senhora meio mal-humorada. ela tinha alguns problemas. o marido dela tinha deixado ela por outra depois que deixou ela paralítica. foi um acidente estranho na verdade. ninguém sabe ao certo quem dirigia o carro porque era conversível e os dois foram parar fora dele e acabaram do mesmo lado, no fim que dirigia ninguém sabe. os dois tinham bebido o que deviam e o que não deviam. ela jura que ela dirigia e ela jura que era ele o culpado. no fim ele escapou inteiro só que ela ficou paralítica. daí ele perdeu o tesão por ela e como tinha muito dinheiro, apesar de ser um velho nojento, arranjou uma mocinha. ela acabou ficando com a casa e jurando que o marido tinha morrido. jura que o primeiro filho também morreu. o porque dela achar que o mais velho tenha morrido também eu não sei. eu era muito nova pra entender coisas muito complicadas. morava só com o filho mais novo. naquela mansão. um ator. no que dava pra perceber ela odiava ele, mas no fim das contas ele era o único que fazia companhia pra ela além da minha mãe. mas pelo que eu andava pescando no ar ela ia perder a mansão. e minha mãe e meu pai o emprego, porque o marido morto estava tirando tudo dela e do filho mais novo que acabou apoiando a mãe. foi ela quem me mandou pro puteiro. foi um negócio estranho que eu acho que eu meio que apaguei da minha cabeça. só lembro do motorista, que era meu pai, e ela em um carro grande e bonito e ela conversando e me deixando naquele lugar. foi tudo dentro do carro mesmo, como nessas lanchonetes que a gente pega o lanche pelo carro. só que ninguém pegou nada. só eu fui entregue.'' ''me fale os nomes, as histórias ficam mais interessantes quando tem nomes, mesmo a gente não conhecendo as pessoas.'' ''o marido era o Otaviano, ela Olimpia, o mais velho Argel e o ator era o Amílcar.'' ''cada nome feio.'' ''pois é.''

segunda-feira, 28 de abril de 2008

vida de mentira

''por que tem que ser assim? por que você mente tanto?'' ''trauma de infância.'' ''explica.'' ''quando eu era criança eu era meio, muito inocente. bobinho. todos meus coleguinhas por algum motivo freudiano diziam ter pais policiais. só eu não tinha. e não conseguia mentir como eles, porque no fim das contas eu sabia que eles mentiam, mas mesmo assim eu sentia inferior que eles. hoje, agora que eu sou um pouco mais esperto, porque eu fui aprendendo a ser, eu tento levar vantagem em cima de algumas coisas. eu odeio isso, mas é algo tipo um vício, incontrolável. eu penso naquela caixa de areia, com aqueles balanços coloridos e as crianças dizendo ser filhos de polícia e eu alí parado, me sentindo excluído. é horrivel pensar que umas crianças imbecis me fizeram crescer um cara imbecil.'' ''você não é imbecil.'' ''sou sim. se você entrasse na minha cabeça e descobrisse tudo o que eu penso nunca mais ia querer me ver.'' ''que há de tão medonho?'' ''eu gosto demais de você pra contar. voc6e está comigo por quem você conheceu, não por quem eu sou de verdade. então continuemos assim.'' ''senão eu me sentiria obrigada a lhe deixa entrar na minha também, e acho que não seria idem lá muito agradável.'' ''é muito mais fácil esconder não é?'' ''não tenha duvida!'' ''há quem te conheça de verdade?'' ''tem que me conheça mais do que você, mas de verdade mesmo não. no real mesmo acho que nem eu." '' então um brinde às nossas vidas de mentira!'' ''saúde!''

segunda-feira, 31 de março de 2008

tragédia familiar

''que vergonha, ver meu filho chegando em casa cheio de maquiagem desse jeito. o que seu pai diria se fosse vivo...'' ''meu pai é vivo.'' ''não é!'' ''é sim. e você só fala isso porque ele te trocou por aquela gostosa depois que você ficou aleijada!" ''vai. joga tudo na minha cara. joga que foi culpa minha ele ter deixado a gente vivendo nessa miséria. e você, bonito, podia trabalhar na globo ou em algum lugar assim, mas não, quer ganhar um salário de merda trabalhando naquele teatro ridículo. se maquiando igual uma bicha.'' ''bicha é meu irmão que esqueceu da gente também. voc6e que não me insulte porque eu ainda vou ser grande. mas você não vai viver pra ver. aliás, já devia ter morrido, ao invés de ficar dando trabalho pra mim.'' ''chega!'' ''foi você quem começou sua velha imprestável.'' ''eu disse chega!'' ''da a primeira cuspida depois não aguenta o balde de água gelada? escuta agora. nunca, entendeu? nunca mais fala mal do que eu faço ou de mim. faço demais já em ficar aqui cuidando de você e ajudando nas suas despesas. mais uma vez, mais uma vez que você falar alguma coisa eu vou embora.'' ''filho, eu te amo.'' ''não precisa disso.'' ''mas é verdade.'' ''nem isso eu preciso saber.''

segunda-feira, 17 de março de 2008

cadê os aplausos?

os aplausos estavam cessando em sua vida. não que um dia realmente tivesse sido muito aplaudido, mas mesmo assim era melhor. criança não tem saco pra aplauso, quer sair correndo comprar algodão-doce com a máscara do bob esponja, da cinderela ou do homem-aranha. amílcar não aguentava mais aquele emprego. há muito que já havia se cansado de interpretar o visconde de sabugosa. na verdade fazia apenas um mês, mas já era demais. no entanto não havia outra opção, era a espiga falante e inteligente que pagava a metade do aluguel do pequeno apartamento que dividia com a mãe inválida pensionista do inss. amílcar queria mais, muito mais. queria interpretar jasão, ulisses, édipo, era um aficcionado por tragédias. ou então algum personagem de moliére, shakespeare, algo que fosse grande e arrancaria aplausos esfusiantes dos espectadores. era um bom ator, ou pelo menos se achava um, dizia que a maré não estava boa, mas que com toda certeza melhoraria. afinal ele ainda era novo, tinha chão pela frente, dizia sua mãe.

quinta-feira, 13 de março de 2008

mentira

''já assistiu jules e jim?'' ''não, por quê?'' ''nada. enche meu copo.'' ''mentiroso.'' ''sou mesmo. me apaixonei pela sara.'' ''isso é ótimo, porque eu me apaixonei pela joana.'' ''você também é mentiroso.'' ''não sou não.'' ''por mim pode ficar com ela leandro. pra mim ela não serve mais.'' ''e pode pegar a sara pra você. eu já esqueci a ninfomaníaca.'' ''e eu desprezo a joana.'' ''é. nós dois somos mentirosos.'' ''quem sabe se a gente repetir até o fim da noite nossas mentiras elas não viram realidade.'' ''seria interessante se isso acontecesse.'' ''mas não acontece. eu já tentei.'' ''merda. que que a gente faz então?'' ''correr atrás delas é que a gente não vai.'' ''ou vamos.''

terça-feira, 11 de março de 2008

eu? sádico?

''às vezes você não tem vontade de matar alguém?'' ''todo dia. você por exemplo eu estou com vontade de assassinar jogando óleo pelando.'' ''é assim que você me mataria?'' ''não. só agora que eu tive essa vontade. anteontem eu queria fazer o serviço usando seu canivete branco.'' ''mas será que não é muito pequeno?'' ''pode até ser, mas o serviço seria feito muito meticulosamente.'' entendi. só não entendi porquê quer me matar hoje. na quinta-feira eu lhe daria razão, hoje, no entanto nào consigo visualizar o que fiz de errado.'' nada de errado, é por puro sadismo. você sabe que de vez em quando eu tenho meus rompantes.'' ''sei. e tenho medo que um dia seja de verdade.'' ''nunca vai ser de verdade. eu sou louca. você sabe.'' ''eu não sei de nada. só sei que essa conversa me deixou afim de fazer sexo.'' ''você fala de mim mas é mais sádico que eu.'' ''por que?'' ''a gente falando de assassinato e você fala de sexo. essa parte sado-masoquista sua eu não conhecia.'' ''nem eu.''

quarta-feira, 5 de março de 2008

quase uma despedida

caetano chegou na casa de joana com a arrebatadora notícia. ela não se conformava em como marcelo podia ter feito aquilo. não conseguia imaginar o que se passava pela sua cabeça. duas horas antes, caetano chegara ao apartamento de marcelo. se demorasse um pouco mais a chegar nem precisaria ter chegado. a banheira cheia de água fervente, o victorinox branco - presente de seu pai - na mão trêmula. o primeiro corte no pulso esquerdo. o segundo no pulso direito. o canivete cai no chão. o piso branco começa a ser tingido de um vermelho cereja vital. depois de levar marcelo ao hospital, volta à sua casa para pegar uma roupa e levar uma faxineira. encontra em cima da mesa da sala, ao lado de um maço de cigarros aberto, uma carta. a carta estava endereçada a joana, mas como marcelo sobrevivera, caetano pensou que podia lê-la.'' não, você tem completamente razão. eu não mereço seu sangue, mas você merece o meu. joana, o que eu sintia por você havia chegado a tal ponto que nem se eu me colasse a você eu me sentiria satisfeito. o que eu sentia era simplesmente demais, por isso resolvi colocar um fim nisso tudo e achar outra que eu ame menos. não tente entender. eu não entendo. e como não entendo não consigo escrever muito bem o que é. mas é isso.''

terça-feira, 4 de março de 2008

resposta de despedida

muito pelo contrário meu caro ex amante com o qual passei momentos que nunca poderei esquecer, o papel ficou tão seco que se esfarelou em minhas mãos. tão seco que fez meu nariz sangrar. sangue que estanquei em menos de um segundo, pois uma vez que você não merecendo minhas lágrimas, tampouco merece meu sangue. roubou um tempo da minha vida com falas falsas, fábulas fantásticas e poesias chatas e infinitas. e espero, espero como quem espera um amor que nunca virá, que ache alguém que seja melhor que eu. será difícil, pois se eu não servi é porque há algo de errado com você. e pelo jeito não me conhece como pensei que conhecesse. não guardarei uma ponta de caneta bic de rancor de você. quando vê-lo na mesma calçada que eu, continuarei nela, levantarei as sobrancelhas e lhe darei um sorriso. mas creio que não será possível, pois quem trocará de calçada será você, fraco, covarde. não teve coragem nem de vir até mim e dizer tudo isso na cara.
adeus.
aquela que um dia chamou de sua joana. eu nunca fui sua, nem você meu.

segunda-feira, 3 de março de 2008

carta de despedida

eu não lhe amo mais. por mais de um mês eu tentei evitar jogar essa bomba em território amigo, mas não posso mais levar adiante algo que me causa ânsia e me dá medo. porque eu sinto isso? nem eu sei. aliás, acho que não quero saber. eu fico me perguntando como me levantar do seu lado nas manhãs de domingo, beijar sua pele, passar meus lábios por todo seu corpo, de um prazer que não tinha par em minha vida inteira, começou a ser um martírio. na certa você já sabia, você não é burra. inclusive sua inteligência me deixava excitado. não queria terminar tudo com uma carta ridícula como essa, no entanto sou covarde demais pra ver seus olhos se enxerem de lágrimas enquanto eu daria a notícia inevitável. na verdade, eu realmente espero que seus olhos estejam transbordando e que no fim dessas poucas linhas o papel fique enxarcado. sim, esse é o marcelo que você não conhecia e que certamente não gostaria de ter conhecido. não quero um último beijo, uma última noite de amor, nem sequer um abraço. de você eu qquero somente a distância. pode ser que isso mude com o tempo, mas como lhe conheço sei que guardará rancor para além do túmulo.
tchau,
aquele que um dia chamou de SEU marcelo.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

felicidade?

Com um medo mortífero de fazer o tal aborto, Madalena disse que não ficava nem mais um segundo naquela casa de prazeres. Pegou os poucos e pequenos trajes que possuía e foi-se sem rumo para algum lugar onde pudesse ser feliz. Conseguiu que Ubaldinho lhe desse abrigo em seu apartamento novo, presente de seu pai que queria ver longe o filho frouxo. E ela ficou lá. Sem fazer nada por oito meses. Arrumava a casa como recompensa e só. Porque para ele nem a recompensa do sexo ela podia dar. Aos poucos, com o ócio, foi se tornando uma alcoolista de primeira linha. Isso sem contar que seu anfitrião dava inúmeras festas nas quais ela tinha a chance de se esbaldar. Esquecia que estava grávida. Um desses dias, já com 25 semanas de gravidez e sem acompanhamento médico algum, ao sair de uma festa, foi passear pelo Ibirapuera. Em uma mão um cigarro de algo ilícito, na outra uma garrafa de vodka das boas, na boca uma cantoria desafinada e berrada nada constante. De repente, uma dor horrorosa tomou conta de sua cabeça. Nem a anestesia etílica fazia aquela dor passar. Havia chego a hora. Ela se deitou no chão e com um esforço memorável expeliu um menino branquinho, todo sujo de sangue que depois também ficou sujo de terra. No entanto o único barulho que se ouvia era o do vento e do sol que nascia voraz atrás das árvores densas. Ultrapassando sua dor, pegou a criança pelos calcanhares e a segurou de ponta cabeça, deu palmadinhas na sua bunda como os médicos que ela vira em novelas, mas não adiantava mais. A criança que se fosse moleque ela carinhosamente chamaria de Ubaldo nascera morto. Ou morrera logo após nascer, nunca se saberá ao certo o tempo que ela demorou para ver que o que realmente tinha acontecido era um parto. Como uma mãe zelosa, desesperada e embriagada, pegou o único líquido que tinha nas mãos e lavou o ‘’recém-nascido’’ com vodka importada. Rasgou um pedaço da saia que incrivelmente naquele dia era comprida e voltou cambaleante para a casa de seu benfeitor. Não chorava. Não mais conseguia ter reação alguma. Não importava o lugar onde ela estivesse. Madalena nunca conseguiria ser feliz.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

tortura humilhante

Tudo bem. Já que vocês querem saber eu vou dizer a verdade. Não que ela importe muito a essa altura dos acontecimentos, mas direi. Nem que seja somente por diversão; pra relembrar os momentos de pra zer que eu tive que poderiam ter sido melhores – como tudo na vida – . Matei. Matei sim e matarei Lucíola na próxima vida também. Fiz tudo bem devagar. Uma pessoa como eu não podia simplesmente cravar uma faca em seu peito ou dar-lhe um tiro na cabeça. Estudei bastante. Ela me fizera sofrer uma vida inteira. A dela não poderia acabar de repente. Cheguei e começamos a conversar. Ela me ofereceu uma bebida. Tudo com muita polidez como se fosse a primeira vez que eu fosse a sua casa depois de termos nos conhecido na rua. Ela levantou-se para ir ao banheiro e eu fiquei à espreita. Na volta eu a agarrei e lhe dei um soco na cabeça. Só pela inconsciência. Despi a infeliz e a amarrei na cadeira. Comecei então a tortura. Creio que não seja apropriado descrever tudo o que fiz. A autópsia revela tudo mesmo. O pior de tudo é que nem na hora de morrer a morfética me deixou completamente feliz. Torturando-a daquele jeito eu esperava choros histéricos, gritos desesperados de dor e pedidos incessantes para que eu parasse. Mas ela não demonstrou a mínima dor. A maldita vagabunda ainda me pediu uma dose dupla on the rocks e um cigarro. E eu dei. Isso é que é o pior de tudo. Eu dei. Não coloquei gelo, mas dei. Nem bêbada ela grunhiu. Vocês devem estar morrendo de curiosidade para saber que tanto ela me fez. Não direi. Seria humilhante demais. Depois que consegui ficar por cima não me sujeitarei a humilhações.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

ié beibi, ié!!!

why does things need to be so difficult? i don´t wanna be the poor little boy whom only knows to cry and nagg about stuff. but sometimes we need to get this role and say: why me??? why things for others are easier then with me??? because it´s someone´s will. one day i´ll know the answer. i hope!!!

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

primeira pessoa quarta

a câmera fotográfica na mão munida da imensa teleobjetiva. a cabeça distraída em pensamentos sem nenhum pudor ou vergonha. como sempre não!? de repente, como se meus pensamentos tivessem colocado roupa, eu a vi!!! vindo em minha direção. o cabelo preso de qualquer jeito, a franja nos olhos, os imensos óculos escuros, a blusinha branca, a calça justinha, o chinelo de dedo no pé, o lápis preto que com certeza estaria no olho que eu não conseguia ver. a perfeição. a barriga reta, o quadril bonito e a cintura fina, uma boca catalisante pintada de vermelho! mas como se eu tivesse me enganado, ela virou à direita e desceu a escadaria. apertei o passo pra poder alcançá-la quando cheguei do seu lado na escada, mirei a infeliz com a tele e finji tirar uma foto. "oi". "oi". "lembra de mim?" "não!". "o cara do isqueiro, lá no trianon!" "lembrar eu ainda não lembro, mas gostaria" "e eu adoraria fazer você lembrar. posso tirar uma foto sua?" só um imbecil sem a mínima noção de fotografia acreditaria que a foto sairia boa com aquela lente àquela distância (mas no fim das contas até saiu). "vamos ali no benja comer alguma coisa?" "vamos sim, mas só se você jurar que eu vou ver minha foto" "vai ver essa e muitas mais" "adoro".

sábado, 12 de janeiro de 2008

primeira pessoa terceira

foi em uma dessas noites, nas quais a gente sai solteiro pra se divertir, só com os amigos e com as amigas, que eu me dei conta de como eu era burro. de como eu poderia estar mandando pra caçamba de entulho algo que eu deveria usar na reforma da minha casa. eu tenho uma amiga. amiga mesmo, daquelas com quem a gente passa a tarde vendo tv e comendo um monte de coisa. só se divertindo. mas eu fui começando a perceber algo diferente. algo que me chamou a atenção. algo que me faria esquecer a joana. mas algo que por algum motivo eu parecia não querer. mas foi justo nessa noite, que eu coloquei a garota na parede. não na parede de verdade, mesmo porque estávamos longe de qualquer uma. a resposta que eu recebi foi um não sei. não sei é praticamente uma confissão. um atestado de culpa misturado a um sorriso diferente. pensei no que faria com isso. não fiz nada. não poderia fazer nada. não que não tivesse uma continuação. percebi que eu só queria algo com continuação se fosse com ela. apesar de ela já estar com outro, eu não podia acreditar que havia algum sentimento humano por parte dela. era só para fazer ciuminho bobo pra mim. mas tinha funcionado. não sei se foi esse namoro da indivídua que me fez querê-la de volta. não pode ter sido somente isso. mas quis. fui ao bar da balada e fiquei sentado lá. muitas vezes marcado pelos olhos fumegantes das garotas à caça que me despertavam algo parecido com dó. infelizes. precisavam de uns dez caras por noite para se sentirem mulheres. para se sentirem úteis. não tive reação alguma senão a de levantar e comprar um cowboy e terminar minha noite numa padaria, tomando um suco de laranja e comendo pão com mortadela enquanto o dia começava nas minhas costas.

domingo, 6 de janeiro de 2008

hohoho iemanjá

e o prêmio de pior fim de ano goes to: 2007

e o prêmio de pior começo de ano goes to: 2008





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