quinta-feira, 29 de novembro de 2007

coisa nova

Quando Madalena viu aquela mulher com aqueles olhos azuis com uma larga camada de lápis preto ao redor, os cabelos loiros, a boca vermelha, pensaou que queria ser igual ela. O que não a agradou muito foi a roupa, desde os sapatos à bolsa, tudo preto e vermelho. Madá pensaou que fosse Exu em pessoa.
O que ela não sabia, era a intenção da mulher. Todas as meninas estavam ocupadas e teve que ser ela mesmo. A bonitona reclamou da garota franzina e feia, mas a chefe garantiu de que ela era das boas. Nossa coadjuvante começou a desconfiar. A chefe disse que ela nunca havia feito nada igual, pelo menos que ela soubesse, mas que aprenderia rápido.
No começo Madalena achou tudo muito estranho. Mas começou a gostar. Percebeu que estava cansada de levar cacete todo dia. De repente lembrou de Ubaldo. Se ela estava cansada de fazaer as coisas com homem, talvez ele devesse ter cansado de fazer com mulher. Só que não deixava de pensar que com ela parecia normal, mas com ele não. E depois pensava que era tudo normal. E depois que não gostava daquilo.
Tudo em uma confusão liquidificante misturada ao prazer do momento e à embriaguez causada por aquela mulher diferente da qual ela não sabia nem o nome, que estava lhe mostrando aquela "coisa" nova. Mal sabia nossa menina que essa seria apenas uma das coisas que ela lhe ensinaria.

sábado, 24 de novembro de 2007

primeira pessoa


Fui ao cinema, assistir qualquer coisa que estivesse passando. Podia ser qualquer filme, desde que não tivesse que esperar mais que dez minutos pelo seu começo. Ao esperar na fila, vi um casal bem jovem, sentados em um banco. Aparentemente não eram namorados nem nada. Mesmo por que eu não me encontrava nas melhores condições. A vida sozinho faz com que criemos hábitos imbecis, como beber sozinho. Quando o filme acabou – e eu recobrei minha sobriedade – vi que aquele casal estava na mesma sala que eu. Mesmo com as luzes acesas, eles não se largavam. Beijavam-se de um jeito que eu nunca havia visto. Os dois tinham um leve sorriso no rosto enquanto suas bocas se tocavam lentamente. Era um beijo apaixonado. Não apaixonado como os dos filmes e novelas. Apaixonado como na vida real. Ou pelo menos o que eu achava que era real. Não davam a mínima para a luz acesa. Acho que nem viram que a luz tinha sido acesa. Somente o que importava naquele momento era continuar aquele bonito movimento labial. E aquilo me fez pensar. Me fez pensar que nunca levei uma namorada ao cinema. Pensar que na verdade, eu nunca tive uma namorada. Pensar que talvez, eu nunca venha a ter. Mas não fiquei triste como ficaria de costume. Além do fato de sentir agora que alguém me queria, e se alguém me queria alguém mais havia de querer. Não fiquei de banzo pelo fato de achar aquilo bonito. De ver como pode haver beleza em algo que hoje é tão banalizado e sem importância. Fiquei feliz de ver como ainda há casais – palavra cafona – que se amam de verdade. Pode ser que eu esteja enganado a respeito disso tudo, e que ambos tivessem vida paralela àquela, que traiam seu respectivos namoros, mas onde estaria a graça. Pelo menos, se não vemos coisas belas por aí, temos de no mínimo fingir que elas existem. Espero que Joana não seja uma invenção.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

terça-feira, 20 de novembro de 2007

destino: X

Um sábado de manhã chuvosa e sem graça. O Anhangabaú vazio e o ônibus que nunca chegava. Destino: misterioso. Vulgo Pirituba. Conhecido carinhosamente pelos seus pitorescos moradores como Piricity. Rumo ao último vestígio de vida selvagem na cosmopolita cidade de São Paulo.
Primeiro acontecimeto a chamar atenção foi a entrada de um grupo de garotos no carro, que segundo R. R. era um time de futebol. E não é que era mesmo! De repente começou a troca de camisas a colocação das chuteiras, sempre atentos à técnica que não tinha nenhuma cara de esportista.
Depois, um grupo de moços começa falar mal do Martinho da Vila. "Não é de qualidade". Isso já é demais.
E fomos passando por lugares inimagináveis. Cantos inexploráveis da cidade que naquele tempo lusco-fusco chegavam a dar medo e ansiedade. Vimos dezenas de cativeiros de bandidos, depósitos do Law, entre outras atrações assustadoras e por vezes fascinantes.
Passamos pela Marginal Tietê. Estamos felizes? Não. Vamos em sentido à rodovia dos Bandeirantes. passamos por florestas e trilhas cheias de subidas e descidas quando passamos por cima da Bandeirantes. Estamos felizes? Não, nunca estamos felizes quando se trata de chegar ao lugar que tem vista para a Oca dos índios e do pico do Jaraguá. Por fim passamos por outra ponte da rodovia. Agora só faltava passar pelo lendário colégio Agenor no Clarice, como descrito pela nossa amiga nativa. Só que nunca que chegava o tal. Eu e R. R. começamos a nos desesperar quando uma simpática mocinha com uma boininha roxa disse que o Agenor já estava chegando. E chegou. E chegamos. No fim das contas estávamos felizes. Comemos, bebemos, imitamos dragão, tiramos fotos e tivemos que voltar lá no dia seguinte.
Que seja eterno o pomposo Sub-Distrito de Pirituba, mas que as pessoas que lá conheço venham morar mais ao centro da cidade!!!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

fingimento

Era domingo! O fim de semana tinha sido cheio de trabalho. Trabalho sussegado, mas mesmo assim era trabalho. Nada de conturbações ou problemas. Só trabalho. É fato é que as drogas ajudavam a aliviar o batente, só que ela estava tendo que usar cada vez mais e mais porque trabalhava cada vez mais.
Quando o filho mais velho do General Siqueira, Ubaldo, chegou lá pela manhã, o efeito já tinha passado. Ela achou que teria mais um cliente e que não dormiria. Mas não. Ubaldo só queria conversar. Estranho? sim.
"Madalena, vim lhe fazer uma visita". Muito estranho? aham. Aquele homem que fodia como um touro queria só fazer uma visita e levar um papo. Mais que um papo, queria lhe contar uma coisa que nunca havia contado a ninguém.
"Como assim. Você não gosta de mulher? Só pode ser mentira". Estranhissímo? demasiado estranho. Porém era verdade. Só fazia aquilo porque era obrigado pelo pai, que lógico, não sabia da condição do filho mais velho e até aquele momento só motivo de orgulho para a família Siqueira.
"Mas não conta pra ninguém. Não sei porquê mas confio em você"."Nunca mais chegua perto de mim. Seu estranho". A reação dele foi de espanto. Achou que Madalena fosse compreender. A reação dela, no entanto, foi amenizando.
"De agora em diante, se você quiser, a gente só finge. Claro que eu tenho meu preço pra fingir!"

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

cinco centavos

Flanando sem destino pelas vielas do Trianon, protegido pelas árvores, Marcelo achou no meio dos pequenos fachos de luz do sol no chão, uma moeda de cinco centavos. O valor era ridículo, mas o prazer de achar aquela moeda novinha e reluzente o fez pegá-la. Enjoado de andar sem rumo e de pensar na vida medíocre que levava, sentou em um banco, acendeu um cigarro e começou a admirar a beleza daquele pedaço de metal redém saído da Casa da Moeda. Ele sabia que nunca iria saber a quem ela pertencera, porém se indagava mesmo assim.
Apressada vinha uma moça de cabelos pretos e óculos gigantescos, dona de uma boca catalisante, e que sentou ao seu lado, suada e ofegante. Ele nunca veio a saber porque ela corria daquele jeito. A mulher desajeitada, com um sorriso lhe pediu um cigarro emprestado. Ao lhe oferecer o isqueiro ela disse que não precisava, isso ela tinha mas havia esquecido de comprar mais nicotina para suprir sua necessidade. "Que bela moeda". "Valeu. Acabei de achar". "Prazer, Joana". "Igualmente, Marcelo".
Marcelo guardou aquela moeda em uma latinha por muito tempo. Mas igual ao amor dos dois, a moeda enferrujou e ficou feia.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

ahhh a chuva, sempre

Os dois na cama. Nus. Suados. Um de costas para o outro. Uma tarde que se mostrava ser a melhor de todas para Marcelo. Mas não foi. Ana esperava tudo daquele homem. Mas ele jazia lá, com seu orgulho flácido. Ele não conseguia entender como aquilo fora acontercer. Ele ainda era jovem. Inexperiente? Sim; com todo o vigor físico da idade. Ela não se mostrava nem um pouco compreeensiva com a situação. A cada par de minutos roçava seu corpo quente e gostoso no de Marcelo. Nada. Ele só conseguia pensar em Joana e em como aquele encontro mudo entre os dois tinha mudado a vida deles. De repente, visualizou a paixão de outros tempos naquela mulher deliciosa e burra que estava ao seu lado. E foi. E foi muito, muito melhor do que Ana esperava. Só que ela não sabia que não era com ela que ele fodia. Era com Joana. Depois de meia hora estavam os dois novamente nus e suados. Já não era mais o calor do sol que os esquentava. Agora Ana carregava um sorriso imenso no rosto. Marcelo não. Levantou-se, colocou a roupa e foi tomar um gole de bebida. A com o pavio aceso na cama clamava por mais e mais. Mas ele não queria.
Pegou um cowboy, acendeu um cigarro, chorou. Chorou de saudade. Chorou pensando em como era idiota. Fora ele que mandara joana catar coquinho e agora ele só pensava nela. Apagou o cigarro mal começado e virou o copo de whiskey. Apertou o térreo e foi correr sozinho na chuva torrencial. Sapateava nas enchurradas leptospirosicas sem se importar. Sem Joana poderia coloca um fim em tudo porque pra ele o tudo era ela. E ele não mais tinha tudo.

terça-feira, 6 de novembro de 2007

ina

De nariz arreganhado, cabelo desgranhado, olhos arregalados e a roupa no chão, Madalena teve a primeira overdose!
Marli, uma de suas companheiras, de tão drogada não esboçou reação de desespero. Olhou e caiu para trás em calma cocaínica.
As duas sobreviveram. Infelizmente. Não era pra ser naquele momento. Jesus não queria aquelas criaturas

sábado, 3 de novembro de 2007

rodas quentes

se não é o ponto de troca é lógico que só pode ser o anel de poder