sábado, 24 de novembro de 2007

primeira pessoa


Fui ao cinema, assistir qualquer coisa que estivesse passando. Podia ser qualquer filme, desde que não tivesse que esperar mais que dez minutos pelo seu começo. Ao esperar na fila, vi um casal bem jovem, sentados em um banco. Aparentemente não eram namorados nem nada. Mesmo por que eu não me encontrava nas melhores condições. A vida sozinho faz com que criemos hábitos imbecis, como beber sozinho. Quando o filme acabou – e eu recobrei minha sobriedade – vi que aquele casal estava na mesma sala que eu. Mesmo com as luzes acesas, eles não se largavam. Beijavam-se de um jeito que eu nunca havia visto. Os dois tinham um leve sorriso no rosto enquanto suas bocas se tocavam lentamente. Era um beijo apaixonado. Não apaixonado como os dos filmes e novelas. Apaixonado como na vida real. Ou pelo menos o que eu achava que era real. Não davam a mínima para a luz acesa. Acho que nem viram que a luz tinha sido acesa. Somente o que importava naquele momento era continuar aquele bonito movimento labial. E aquilo me fez pensar. Me fez pensar que nunca levei uma namorada ao cinema. Pensar que na verdade, eu nunca tive uma namorada. Pensar que talvez, eu nunca venha a ter. Mas não fiquei triste como ficaria de costume. Além do fato de sentir agora que alguém me queria, e se alguém me queria alguém mais havia de querer. Não fiquei de banzo pelo fato de achar aquilo bonito. De ver como pode haver beleza em algo que hoje é tão banalizado e sem importância. Fiquei feliz de ver como ainda há casais – palavra cafona – que se amam de verdade. Pode ser que eu esteja enganado a respeito disso tudo, e que ambos tivessem vida paralela àquela, que traiam seu respectivos namoros, mas onde estaria a graça. Pelo menos, se não vemos coisas belas por aí, temos de no mínimo fingir que elas existem. Espero que Joana não seja uma invenção.

2 comentários:

Milena Nepomuceno disse...

murillooo..q lindo o textooo...quase choreiii..de vdd..adorei d+..e vc vai ser sim mto..mais mto feliz!!!
bjus

Re Rodrigues disse...

Mú, incrível a sua capacidade de transformar seus pensamentos em palavras... são pensamentos vagos, as vezes sem sentido, e que você consegue com palavras bonitas (desta vez!) tornar em algo concreto e muito expressivo! Você merece muito viu Mu!
beijos