segunda-feira, 12 de novembro de 2007

cinco centavos

Flanando sem destino pelas vielas do Trianon, protegido pelas árvores, Marcelo achou no meio dos pequenos fachos de luz do sol no chão, uma moeda de cinco centavos. O valor era ridículo, mas o prazer de achar aquela moeda novinha e reluzente o fez pegá-la. Enjoado de andar sem rumo e de pensar na vida medíocre que levava, sentou em um banco, acendeu um cigarro e começou a admirar a beleza daquele pedaço de metal redém saído da Casa da Moeda. Ele sabia que nunca iria saber a quem ela pertencera, porém se indagava mesmo assim.
Apressada vinha uma moça de cabelos pretos e óculos gigantescos, dona de uma boca catalisante, e que sentou ao seu lado, suada e ofegante. Ele nunca veio a saber porque ela corria daquele jeito. A mulher desajeitada, com um sorriso lhe pediu um cigarro emprestado. Ao lhe oferecer o isqueiro ela disse que não precisava, isso ela tinha mas havia esquecido de comprar mais nicotina para suprir sua necessidade. "Que bela moeda". "Valeu. Acabei de achar". "Prazer, Joana". "Igualmente, Marcelo".
Marcelo guardou aquela moeda em uma latinha por muito tempo. Mas igual ao amor dos dois, a moeda enferrujou e ficou feia.

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