quarta-feira, 24 de outubro de 2007

silêncio feliz

Atravessando a rua ele encontrou a pessoa que procurava há muito tempo! Eles se olharam por alguns minutos mas não cuspiram uma palavra sequer. O olhar deles não dizia tudo, pois muito se diz com os olhos mas tudo, tudo mesmo só com a lingua nos dentes. Às vezes a língua nos dentes da outra pessoa diz mais ainda. No entanto isso eles não poderiam fazer. Já haviam feito muito porém o presente lhes proíbia de qualquer contato físico. As palavras não estavam pribidas; estranhamente não conseguiam usá-las.
Marcelo imediatamente se lembrara da música Último Desejo de Noel Rosa e Joana só conseguia pensar nos momentos felizes que passaram juntos. O crítico é que os momentos ruins foram em maior quantidade. Isso para desgosto dos dois. Os dois já nãp se amavam mais, contudo um queria a companhia do outro. Morar numa cidade grande completamente só é cruel e os dois experimentavam isso. Como se num repasse de informação os dois começaram a andar na mesma direção. Não era por acaso como gostariam que o fosse muitos românticos. O trabalho deles ficava na mesma direção. O que é romântico porém, é o fato de os dois terem entrado na mesma cafeteria dos anos de glória. Sentaram-se e foram servidos com as bebidas e comidas de sempre. Sempre em silêncio sepulcral.
Marcelo acendeu um cigarro e deixou o maço em cima da mesa. Joana como nos tempos de ontem pegou um e acendeu com o próprio isqueiro. Cigarro ela nunca tinha. Os dois já não se olhavam mais como quando se encontraram. Aquilo tudo foi perdendo gradativamente a graça. Ela se levantou primeiro, pegou o maço dele sem pedir e foi embora. Ele cntinuou lá, sentado, terminando de comer seu bolo de chocolate e pronto a terminar a torta de morango que Joana deixara mais do que metade.

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