quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

carta a georgia

ai que vida amargurada minha amiga. que saudade de você. eu já vivia uma vida miserável antes mas pelo menos eu tinha você pra me fazer feliz. mas depois que você conseguiu aquele emprego melhor eu fiquei por minha conta. parece que foi tudo ontem. esses dias eu estava lembrando da nossa viagem também. que alemãozão generoso aquele hein. aqueles. o da passagem de ida e o da passagem de volta. isso sem falar nos milhares que ajudaram a gente por lá. ai delicia. aqui só tem homem gordo, sujo e grosso. fiquei tão feliz que você tenha arranjado alguém que goste de você. eu não tenho caso sério não. eu sou gostosa, mas feia e burra. ninguém quer ficar mais que o tempo de uma boa foda comigo. a verdade é que eu tenho uma inveja danada de você. você tem classe, é bonita, elegante, sabe falar direito. e eu? você deve ter até se espantado quando começou a ler a carta e tudo escrito direitinho né? é que eu pedi ajuda pra um amigo meu. esses amigos que não comem a gente sabe? mas é ele que vem dando um pouco de força pra eu viver. justo ele que é limpinho e cheiroso não gosta de fazer as coisas comigo. o caso é que eu sou fixa do pai dele e dos dois irmãos, aí o pai dele me paga pelos quatro, mas ele não gosta. no começo eu até chantagiei ele pra não falar pro pai dele que ele era frouxo, mas agora eu até entendo porque eu também venho dando meus pulos com mulher. além do ubaldinho, tem outra coisa que vem me ajudando muito. ando usando droga até dizer chega, na esperança de que tudo passe mais rápido. eu queria tanto fugir. mas se eu fugir a minha dona vai atrás até o inferno. ela disse que se eu pagar ela me libera, só que é muito caro e todo dinheiro que eu ganho ela pega e o que eu consigo guardar um pouco vai pra cocaína. mas eu tenho um plano. um plano do mal que vai melhorar minha vida. um plano que se a polícia descobre eu vou passar a vida inteira da cadeia. mas como ninguém sabe quem eu sou mesmo, nem rg eu tenho mais, eu posso fazer o que eu quiser. e minha dona também não pode saber, porque ela ia me matar. quando a gente se ver eu conto pra você direitinho o que que é. ou quem sabe quando eu te ver de novo eu já não ganhei minha carta de alforria (não sei o que é, mas ubaldinho disse que é minha liberdade).
é isso minha gostosa. desculpa a depressão.
um beijão em cada bochecha e se bobiar, do jeito que eu estou agora, na boca também.

Um comentário:

Georgia Hepburn disse...

Huuuuum
Madá descobrindo coisas, experimentando sensações...Espero encontrá-la em breve e quem sabe sou formalemnete apresentada a um tal de Murillo, não é?