terça-feira, 13 de abril de 2010

premiere

a ânsia da primeira vez. a ânsia de uma coisa que certamente será deliciosa. a ânsia daquela coisas que não temos bem certeza se são erradas ou não. certeza se devemos ou não fazer. aquilo que se sente só uma vez na vida. sim, pois para tudo existe uma, uma primeira vez. e depois da primeira - por mais que queiramos, e que o digam os anos - não existe outra primeira vez. depois vem a segunda. a segunda, aqui ou alí, até pode ser melhor que a primeira, mas não é igual - nenhuma vai ser. não é mais a iminência do desconhecido. a borda da mata fechada [que já foi desbravada]. é a medalha de prata. depois vem a de bronze e sabe-se lá o que é chegar na de plástico ou material pior. até vem uma medalhinha de prata vezenquando na vida, a de ouro, no entanto, é única, e fica lá, na parede de dentro, pendurada ao lado de algumas fotos. única, pelo menos nesse sentido específico de gostosamente sôfrega ânsia. o negócio não é mais errado. deve-se fazer -nem que por gabo. e tudo, de repente, fica banal, como o centrifugar da máquina de lavar roupas.

inspirado por pequeno monstro, caio fernando abreu