já que era sadomasoquismo que ele queria, foi sadomasoquismo que ele ganhou. queimei ele inteirinho com cigarro. bati nele até ele dizer chega. depois disse que tinha o toque final. sai e fui até a cozinha. peguei uma faca tramontina de serrinha e cabo de plástico e acabei o serviço. não suporto gente exagerada. ele pedia mais e mais e foi o mais que eu dei pra ele. o problema foi que eu também exagerei. ele morreu. também, já tinha seus cinquenta e tantos. mereceu? não. mas aconteceu e agora já foi. quando eu percebi eu meio que entrei em pânico. nunca pensei que fosse matar uma pessoa. o problema é que a gente pega o gosto. depois que passou o susto eu pensei: já que eu tirei a vida dele mesmo o resto não tem importância. peguei tudo que podia carregar da garçoniere do velhote. a carteira e o carro também. quando eu ia saindo, pensei em limpar digitais e essas coisas, mas lembrei que nem rg eu tenho. eu não sou ninguém. mas vou ser. vendi o carro e guardei o dinheiro. com o dinheiro da carteira comprei muita cocaína. agora eu tinha minha chance de ser alguém na vida. não ficam dizendo por aí que vida de puta é fácil? então, vou conseguir dinheiro mais fácil ainda. tem tanta puta por aí que ninguém vai saber que fui eu. parou de falar e acendeu um cigarro caro. depois de tanto cigarro do paraguai ela achou que merecia.
quinta-feira, 29 de maio de 2008
terça-feira, 13 de maio de 2008
segunda-feira, 5 de maio de 2008
cruzamentos
''ela era uma senhora meio mal-humorada. ela tinha alguns problemas. o marido dela tinha deixado ela por outra depois que deixou ela paralítica. foi um acidente estranho na verdade. ninguém sabe ao certo quem dirigia o carro porque era conversível e os dois foram parar fora dele e acabaram do mesmo lado, no fim que dirigia ninguém sabe. os dois tinham bebido o que deviam e o que não deviam. ela jura que ela dirigia e ela jura que era ele o culpado. no fim ele escapou inteiro só que ela ficou paralítica. daí ele perdeu o tesão por ela e como tinha muito dinheiro, apesar de ser um velho nojento, arranjou uma mocinha. ela acabou ficando com a casa e jurando que o marido tinha morrido. jura que o primeiro filho também morreu. o porque dela achar que o mais velho tenha morrido também eu não sei. eu era muito nova pra entender coisas muito complicadas. morava só com o filho mais novo. naquela mansão. um ator. no que dava pra perceber ela odiava ele, mas no fim das contas ele era o único que fazia companhia pra ela além da minha mãe. mas pelo que eu andava pescando no ar ela ia perder a mansão. e minha mãe e meu pai o emprego, porque o marido morto estava tirando tudo dela e do filho mais novo que acabou apoiando a mãe. foi ela quem me mandou pro puteiro. foi um negócio estranho que eu acho que eu meio que apaguei da minha cabeça. só lembro do motorista, que era meu pai, e ela em um carro grande e bonito e ela conversando e me deixando naquele lugar. foi tudo dentro do carro mesmo, como nessas lanchonetes que a gente pega o lanche pelo carro. só que ninguém pegou nada. só eu fui entregue.'' ''me fale os nomes, as histórias ficam mais interessantes quando tem nomes, mesmo a gente não conhecendo as pessoas.'' ''o marido era o Otaviano, ela Olimpia, o mais velho Argel e o ator era o Amílcar.'' ''cada nome feio.'' ''pois é.''
Assinar:
Postagens (Atom)